sábado, 8 de maio de 2010

aos treze

O início da adolescência marca muita coisa na vida de todos. No meu caso, comecei a ler outros livros que não fossem da coleção vaga-lume, meu interesse por música aumentou e passei a prestar mais atenção nos filmes. O primeiro livro que li, sem o professor de português obrigar, foi Blecaute, de Marcelo Rubens Paiva. Tinha treze anos, não havia nada melhor para fazer de madrugada na casa da minha irmã e então comecei a ler esse livro que estava na cabeceira. Terminei no mesmo dia, em uma longa viagem de volta para casa. Lembro do ônibus vazio, a janela aberta, o vento na cara e aquela história muito louca. Reli-o mais duas vezes, mas já faz alguns anos e acho que está na hora de ler de novo. Na mesma idade, virei fã da Legião Urbana. “Eduardo e Mônica” e “Faroeste Caboclo” eram as músicas mais legais da história da humanidade e o Renato Russo me fez gostar de poesia. Ainda aos treze, fui ao cinema assistir Pulp Fiction, de Quentin Tarantino. Na semana seguinte, voltei e assisti de novo. Quando saiu nas locadoras, aluguei três vezes e assisti umas dez. Evidentemente, hoje tenho o DVD e dou uma ou duas olhadas por ano.
Não acho que o Tarantino seja um dos maiores cineastas da história. Na verdade, só gosto mesmo de PF e Cães de Aluguel. Mas o PF, na minha opinião, está entre os melhores, nunca canso de assistir. Esse filme e Forrest Gump são os meus favoritos e, coincidentemente, saíram no mesmo ano, 1995. Aliás, acho que foi a única vez em que concordei com alguma coisa do Oscar. Aquele prêmio é valorizado demais, mas enfim, faz parte do show business.
Queria dizer que, apesar de gostar de filmes desde que nasci, foi com PF que comecei a acompanhar diretores, e não somente atores, como é mais comum. Por exemplo, todo mundo sabe quem foi o ator de Top Gun, mas quando se fala no diretor, quase ninguém consegue responder. Fiquei tão envolvido na história e a forma com que ela é contada que procurei outros filmes que pudessem me proporcionar o mesmo fascínio, algo difícil de sentir nos blockbusters convencionais.
A partir de então passei a ler jornais, que me levaram a Kubrick, Milos Forman, Kurosawa, Mike Leigh e outros. Pensando agora, foi nessa idade que minha base cultural, digamos assim, começou a se formar. Leio menos do que deveria, mas sei das maravilhas de uma cidadezinha chamada Macondo e do Evangelho Segundo Jesus Cristo. Hoje sou mais Beatles, aprendi a tocar violão e tive algumas bandas na adolescência, graças ao Renato Russo, que me mostrou o que é um soneto. E tem o Tarantino, um cara que gosta tanto de cinema que me contagiou, também. Muita coisa mudou aos treze.