terça-feira, 18 de maio de 2010

103

- Som?
- OK!
- Câmera?
- Rodando!
- Ação!

Fazer um curta de ficção é difícil, pelo menos para mim. Quando a gente assiste, parece ser tudo muito simples. Dá a impressão que fulano teve uma idéia, chamou uns amigos para atuarem, apertou o rec e pronto! Normalmente, quando o filme flui fácil assim, é porque teve muito trabalho por trás.
Minha primeira experiência foi o curta 103, realizado em um curso de cinema em São Paulo. Estávamos em sete pessoas, contando os dois atores. Foram semanas preparando o filme: roteiro, storyboard, decupagem, produção, arte, fotografia, direção, som e montagem. Eu fiz o som direto e montagem, este último sempre com o diretor.
Na minha opinião, e acredito que da maioria das pessoas que fazem filmes, reunir a equipe certa é tudo. O ambiente de set é um local geralmente tenso, o momento em que a imaginação finalmente sai do papel e toma forma. Semanas, meses ou mesmo anos de algumas ou diversas pessoas dedicados para o mesmo fim: contar uma história. E, nessa hora, deve-se respeitar quem está à frente, o diretor.
Sempre acreditei na hierarquia. Quando várias pessoas estão envolvidas em algum projeto em comum, alguém deve ficar à frente para tomar as decisões, senão vira bagunça. No caso de realizar um curta, longa, ficção, documentário ou comercial, o diretor é quem manda no set.
Enfatizo isso porque é normal que fulano ou beltrano não concordem com a opinião dos colegas na tomada X ou Y, na forma com que o diretor dirigiu os atores ou no caminho que o filme está seguindo. Mas essas coisas devem ser conversadas muito antes, na decupagem ou antes da filmagem do dia, e, caso haja necessidade durante as gravações, que seja em particular.
Discutir durante as filmagens é a pior coisa que alguém deve fazer, e, acredite, é muito comum. Durante o curso teve até gente chorando no corredor. Claro que às vezes não é culpa de ninguém, situações adversas acontecem, mas na maioria das vezes dá para ser evitado. No momento em que você aceita fazer parte de um filme, tem que saber trabalhar em equipe, fazer o possível para executar bem sua função, e o diretor deve entender o trabalho de todos e tomar as decisões, não é fácil.
Em um ambiente profissional, as produções evidentemente são bem maiores que de um curta independente. Um comercial de rede nacional, por exemplo, envolve cerca de 70 pessoas. Nesse tipo de produção estão os melhores, e todos sabem se colocar. Nunca o assistente de produção vai parar a filmagem para dizer que o plano está errado. Caso ele perceba algo, vai conversar com o seu superior, o diretor de produção, e este vai falar para o assistente de direção que finalmente dará o recado para o diretor. Já quando todos estão trabalhando de graça, é mais complicado. É aí que entra o bom senso.
Nesse curta, todos éramos estudantes, mas dentro do set, minha responsabilidade era o som direto. Quando precisava que os atores ficassem em determinada posição para captar as falas, falava com o diretor, não com os atores.
Chega de conversa, aqui está um trecho do curta 103.


103 from André Yuzo Aoki on Vimeo.